Investir em acústica – o novo normal para a construção civil

Normalmente, quando se fala em acústica há um pré conceito de que é caro, ou de que são soluções indicadas apenas para ambientes especiais como auditórios, estúdios de gravação, teatros e outros. Isso principalmente se considerando o cenário atual, no qual a palavra de ordem é economizar recursos, cortar gastos, controlar caixa.

Eu sempre achei que, passada a fase do ar condicionado o próximo passo seria a busca por silêncio. E o que ocorreu foi que a pandemia fez com que a questão acústica aflorasse muito rapidamente.

Quem, recentemente, tenha procurado apartamento no site QuintoAndar deve ter se deparado com o filtro: rua silenciosa. Isso é mais um indicativo de que o “novo normal” nas edificações estará associado a ambientes mais silenciosos e ao convívio mais respeitoso com os vizinhos.

Ou seja, daqui para frente a acústica deverá ser entendida como investimento e não como custo.

Ou seja, daqui para frente a acústica deverá ser entendida como investimento e não como custo.

Acústica no momento certo

Comumente, a acústica é, ou era, contratada com o projeto já em andamento. O que significa que, muitas das vezes, já não se conta mais com a chance de realizar alterações. Por isso, acredito e defendo que a inovação da acústica de edificações será a inclusão dos estudos de acústica no início do processo, por vezes ainda na avaliação de viabilidade de um terreno.

Pensemos, por exemplo, num elemento de extrema importância para qualquer projeto, que é a caracterização do ruído de entorno. Se for um trabalho realizado por meio de medições acústicas em pontos estratégicos do entorno e complementado com simulações do campo acústico em softwares específicos, é possível criar mapas de ruídos e projetar os níveis sonoros incidentes nas fachadas do empreendimento.

Esses são dados de entrada do projeto acústico pois dão suporte para melhor definição das Classes de Ruído das fachadas e, portanto, dimensionamento mais preciso dos desempenhos dos caixilhos externos, necessários para atender a norma NBR 15575-3.

O custo da falta de informação

A falta da informação correta sobre os níveis sonoros incidentes nas fachadas, a correta classificação da Classe de Ruído, ou mesmo o conhecimento das características de desempenho dos componentes das fachadas, pode ser crítica na projeção do custo de uma obra. Há situações em que esse estudo do entorno talvez não seja crítico, porém, em muitas delas, pode ser determinante para o sucesso de um empreendimento.

Veja dois casos que mostram o impacto que a falta de uma caracterização apropriada do entorno pode causar no projeto.

Caso 1: obra já iniciada

No primeiro caso, em São Paulo, uma construtora nos chamou para fazer a caracterização do entorno de uma obra já em andamento e com custos definidos. Havia a preocupação com a passagem de aviões pois a obra estava relativamente próxima do cone de aproximação e decolagem do aeroporto.

As medições de campo mostraram que o ruído da passagem dos aviões era perceptível, mas não impactava os níveis sonoros do entorno. No entanto, o local era próximo de uma importante avenida e a rua do empreendimento servia de escoamento para essa avenida. O resultado do estudo mostrou que, por conta dessa situação, o desempenho dos caixilhos orçados não seria suficiente para que as fachadas atendessem ao desempenho mínimo recomendado. Ou seja, haveria um impacto direto no custo da obra.

Isso mostra a importância desse estudo ainda na fase inicial de projeto. Conhecer os níveis incidentes nas fachadas permite dimensionar corretamente os caixilhos e elaborar um orçamento de obra mais seguro.

Caso 2: falta de informação precisa

No segundo caso, em Santa Catarina, já com um mês de pandemia, uma construtora nos chamou para fazer os ensaios de desempenho de uma obra em fase de entrega. Mesmo numa condição de menor fluxo de veículos, devido a restrição de mobilidade, com base nos níveis sonoros medidos na fachada e classificação do tipo da rua conforme a legislação local, categorizou-se a fachada em estudo como Classe de Ruído II. O resultado do ensaio mostrou que o desempenho da fachada não atendia o mínimo de 25 dB em campo, exigido para essa classe.

Posteriormente, a construtora comentou que o fornecedor dos caixilhos garantia que eles atendiam ao “mínimo” da norma. Essa informação pode estar correta, porém incompleta. Faltou informar para qual Classe de Ruído os caixilhos atendiam o desempenho mínimo. Em situações como essa, conforme o número de unidades e situações que não atendem ao desempenho, a correção do problema pode ter custos impraticáveis. Substituir os caixilhos, além do custo direto com retrabalho e novos elementos, pode implicar em alteração do projeto da fachada. Outro risco é a possibilidade de ações judiciais por não atender à uma norma técnica.

Essas são demonstrações claras da importância de que ter a informação correta no momento certo. Conhecer a condição acústica do entorno, no início do projeto, pode evitar dores de cabeça e custos inesperados lá na frente. A correta caracterização do ruído de entorno deve ser vista como um investimento de melhoria na qualidade da obra e como fonte de informação para maior assertividade orçamentária.

Precisa de projetos acústicos? A Anima Acústica pode lhe ajudar.

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